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AUMENTO DE CASOS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NA PANDEMIA

Casos de infecção e morte por coronavírus começaram a ocorrer no início de março em Fortaleza. Descobriu-se que a doença era causada pelo novo Coronavírus (Sars-Cov-2). 

Com o objetivo de enfrentamento da disseminação da doença, o governo do Estado do Ceará, com base, dentre outras, na declaração pela Organização Mundial da Saúde, em 11 de março de 2020, de pandemia de COVID-19, editou o Decreto nº 33.509, de 13 de março de 2020, através do qual foi instituído o Comitê Estadual de enfrentamento à Pandemia do Coronavírus.

Posteriormente, editou o Decreto Nº 33.510, publicado no Diário Oficial do Estado do Ceará de 16/03/2020, em que decretou situação de emergência em saúde, dispondo sobre medidas para enfrentamento e contenção da infecção humana pelo novo Coronavírus. A partir desse Decreto, implantou-se no Estado do Ceará diversas medidas, iniciando com a suspensão, por 15 (quinze) dias, de atividades públicas que possibilitem aglomeração de pessoas, tais como shows, cinema, teatro, biblioteca e centro culturais; atividades presenciais em todas as escolas, universidades e faculdades, das redes de ensino público, obrigatoriamente a partir de 19 de março de 2020.

O Decreto recomendou ainda, naquele momento, que as instituições públicas de ensino promovessem, durante o período de suspensão, atividades de natureza remota, desde que viável operacionalmente. 


 Eventos esportivos no Ceará somente poderiam ocorrer com portões fechados ao público. Suspendeu também eventos em templos, igrejas e outras entidades religiosas, recomendando ao setor privado semelhante providência. 


Determinou dentre outros, que os servidores públicos estaduais com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos poderiam ser autorizados, em caráter excepcional, a critério da respectiva chefia, a trabalhar em suas residências, cabendo ao seu órgão ou entidade setorial prover os meios necessários para o desempenho de suas funções. Iniciava-se assim, o isolamento social em nosso Estado, prorrogado por decretos posteriores.


Desse modo, fecharam-se os comércios, bares, restaurante, igrejas e comunidades católicas, cinemas, academias e estádios. Ficamos meses sem sair de casa. 


Essa a situação de isolamento social começou a afetar as pessoas. Segundo Gardênia Amorim, médica psiquiatra, é esperado que as depressões e ansiedades aumentem nesse tempo de pandemia, sendo causadas pelas dificuldades que as pessoas passaram: “sofrimento, medo, incerteza, isolamento, dificuldade financeira, perda de familiares e outros fatores estressantes.”


De acordo com a citada psiquiatra, foi previsto pela Organização Mundial da Saúde que iam aumentar, sobretudo os casos de ansiedade e depressão. “a princípio, o que acontece são reações adaptativas depressivas, ansiosas, sintomas e não transtornos nas pessoas que não têm problemas, as quais vão se adaptando e não irão desenvolver doenças”.

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Contudo, uma parte das pessoas, aquelas que têm um sofrimento mais persistente ou somatório de sofrimentos, têm histórico familiar, ou já tiveram um episódio, essas são as que têm mais facilidade de depressão ou ansiedade.
 Para a médica, os principais estressores que aumentam os sintomas da depressão e ansiedade durante a quarentena, são o isolamento social, o medo e a incerteza diante da COVID, “medo de morrer, medo de ter doença grave, medo de perder familiares, dificuldades financeiras, desemprego, redução do salário e sobrecarga das famílias, porque em algumas famílias, os pais ficaram em home office, mas tinham que cuidar da casa, do trabalho; quem tinha criança e adolescente tinha que dar suporte”.
Havia ainda alguns casos de violência doméstica, abuso de álcool, as comidas fast food, que facilitavam o ganho de peso, tendo por consequência, implicações na saúde. Enfim existia uma diversidade de fatores que às vezes se somavam, facilitando o aumento do estresse, da ansiedade e até de sintomas depressivos.
Nessa mesma direção, foi a entrevista concedida por Pavla Martins, Psicóloga voluntária que participou do Projeto ConVida. O referido projeto da Prefeitura de Fortaleza começou em maio de 2020, por iniciativa de Rennys Frota, Secretário da Regional I.
Segundo a entrevistada, a Regional I fica na área da Barra do Ceará, Pirambu e se estende até o Centro da Cidade. É uma área com muita vulnerabilidade. O Secretário e a sua equipe perceberam, quando estavam entregando cestas básicas para as pessoas dessa área, que muita gente tinha demandas emocionais, de uma angústia imensa.
Assim, juntou uma equipe de Psicólogos voluntários (hoje com 69 integrantes) que utilizando de ligações convencionais ou via WhatsApp, para realizar o atendimento de homens e mulheres, em regime de plantão de segunda a sexta-feira, das 8h até às 21h. 
Relata a psicóloga: “nós tivemos muito a questão da ansiedade, chegando até ter possivelmente pânico. Sintomas muito semelhantes. Demandas não só de depressão. Tivemos depressão, tivemos ideação suicida, mas tivemos muito a questão da ansiedade muito elevada, a questão da ansiedade de não conseguir estabelecer uma rotina, e não conseguir trabalhar, de ficar com muito medo. Medo excessivo. Nós chegamos a atender pessoas que perderam familiares, 3, 4 familiares. Então tinha o luto junto com o medo de também serem contaminados e de vir a morrer, enfim...”. 

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Segundo a entrevistada, o maior pico de atendimentos ocorreu em maio, e quando o comércio voltou a funcionar os atendimentos diminuíram.
Informou ainda que os psicólogos voluntários decidiram continuar o projeto ConVida, mesmo que este não se torne uma política pública, para aquelas pessoas que não têm condições para pagar consultas.
Nesse projeto foram atendidas donas de casa, autônomos, enfermeiras que estão na linha de frente, professores e artistas. As principais queixas das pessoas são: insônia, dificuldade de estabelecer rotina, conflitos familiares, e conjugais, agressividade, depressão, ansiedade, medo de transmitir o coronavírus, de morrer e de pegar o vírus. Essas pessoas eram orientadas pelos psicólogos a ver notícias somente uma vez por dia e realizar exercícios de respiração para ajudar com a ansiedade.
Ainda sobre o tema, a psicóloga Terezinha Joca, coordenadora do Programa de Apoio Psicopedagógico – PAP, da Universidade de Fortaleza (Unifor), informou que durante a pandemia o PAP permaneceu atendendo on-line. Salientou que houve uma diminuição nos atendimentos, porque nem todo mundo tinha a condição de sigilo em casa, ou seja, as pessoas não tinham condições reservadas para realizar seus atendimentos terapêuticos dentro de suas residências.
“Nós tínhamos que garantir o nosso sigilo, mas a pessoa que estava sendo atendida tinha que garantir o dela e, nem sempre, era garantido; algumas vezes que eu estava atendendo eu via uma pessoa passar e aí eu me calava e a pessoa que estava sendo atendida falava: pode falar e eu dizia: não, tem alguém aí com você. E aí a pessoa se chateava e tinha que dizer pra pessoa que estava em atendimento. Mas há uma curiosidade natural das pessoas de saber o que é que se conversa com um psicólogo, então muita gente estava ouvindo o que estava sendo dito e isso gerava insegurança pra pessoa que está sendo atendida. Então houve uma diminuição por isso”, explica.
Outra questão relatada por Terezinha, foi o medo do paciente de ser rackeado, medo de alguém estar registrando o que está sendo conversado; medo da gravação. Algumas pessoas não quiseram atendimento on-line, outras já se adaptaram muito bem e até acharam melhor, porque não tinham que se deslocar.
Durante a pandemia, as condições de realização dos atendimentos on-line nas residências, tais como falta de estrutura física, de sigilo e interferências de familiares durante a sessão terapêutica, foram as principais causas de desistência, enquanto a facilidade de não precisar deslocar-se foi causa de adesão. Nessa modalidade de atendimento, relata a psicóloga, tiveram duas coisas bem enaltecidas: “o medo e a confiança”.
Relatou a psicóloga que o isolamento social afetou as atividades educacionais na Universidade de Fortaleza - Unifor, tanto por parte dos professores, que tiveram que superar as dificuldades iniciais e redobrando esforços para realizar suas aulas à distância, quanto por parte dos alunos, os quais tiveram que se adaptar à nova realidade de ensino. 
A ex-aluna do curso de jornalismo da Unifor, Ligia Grilo, relatou que no período de pandemia sua ansiedade aumentou muito, pois além dos problemas normais passou a ficar triste e preocupada coma situação do mundo. Aumentou ainda sua dificuldade de concentração para realizar suas obrigações. Para ela, a quarentena tem sido muito difícil. Além disso, a depressão a realização de suas atividades. “Muitas vezes não consigo cumprir as metas que tenho que fazer no home office. O que me ajudou, além de fazer terapia a distancia, foi conversar com meus amigos por vídeo chamada, também gosto de assar bolos e aprendi a tricotar”.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade do Rio de Janeiro - UERJ, os casos de depressão praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto os casos de ansiedade tiveram um aumento de 80%. A pesquisa foi realizada pelo professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da UERJ, que coletou dados entre 20 e 25 de março e entre 15 e 20 de abril de 2020, envolvendo 1.460 pessoas em 23 estados, que responderam a um questionário on line com mais de 200 perguntas.
Segundo o Professor Alberto Filgueira, da primeira para a segunda coleta de dados, a prevalência de pessoas com estresse agudo saiu de 6,9% para 9,7%, já para depressão a variação foi de 4,2% para 8,0% e, na crise aguda de ansiedade, aumentou de 8,7% para 14,9%.
Na pesquisa verificou-se que as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena. Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Já para a depressão, são: idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
A partir de 1º de junho o governador Camilo Santana anunciou o plano de reabertura das atividades de forma gradual, considerando como gatilhos para transição de uma fase para outra a taxa decrescente de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva destinados ao tratamento do COVID-19, de internações, de óbitos pela doença e territorialidade dos casos. 
Passados seis meses do início da reabertura das atividades, ainda não conseguimos readquirir as condições anteriores ao surgimento da infeção por COVID-19. 
Segundo dados obtidos na Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, referente às duas últimas semanas epidemiológicas, semanas 47 e 48 (período de 15 a 28 de novembro de 2020), demonstram, na cidade de Fortaleza: Incidência de casos de COVID-19 por dia /100 mil habitantes 124,8 (tendência crescente - Nível 3 Risco Alto); internações pelos CIDs causas respiratórias 11 (tendência decrescente – Nível 1 Risco Baixo); Percentual de leitos de UTI-COVID ocupados 68,4 % (tendência decrescente – Nível 1 Risco Baixo); Taxa de positividade em testes RT-PCR 19,6 (tendência crescente - Risco Baixo) e por fim, a taxa de letalidade por COVID 1,3% (tendência crescente- Nível 2 Risco Moderado)

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